
Adolescência, mídia nas infâncias, analfabetismo digital e muito mais: temas foram debatidos durante mesa especial na última terça-feira em Brasília
Evento, parte do Criar Jogos, reuniu seis especialistas para falar sobre a importância do letramento midiático-informacional crítico através da cultura
Na última terça-feira, 1º de abril, o auditório da Universidade do Distrito Federal Professor Jorge Amaury Maia Nunes (UnDF), recebeu uma mesa de debates para lá de especial. Parte da inauguração do 26º polo do curso gratuito Criar Jogos, o encontro contou com a participação de cinco especialistas, que debateram a importância do “Letramento Midiático-Informacional Crítico através da Cultura”.
A mesa foi composta pela Presidente do Instituto Burburinho Cultural Priscila Seixas; o Coordenador de Ensino e Pesquisa em Informação para a Ciência e Tecnologia (Coepi) e Diretor da Escola Nacional de Informação (Enacin) do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) Ricardo Pimenta; a publicitária e pesquisadora Márcia Azen; a doutora e mestre em ciência da informação Michelli Pereira da Costa; a jornalista e pesquisadora Talita Figueiredo e; o economista e cientista político Leandro Oliveira.
Durante o evento, os especialistas discutiram o tema por diversos ângulos e perspectivas, como a tecnologia para crianças e adolescentes, os cuidados com o aumento dos casos de cyberbullying, o analfabetismo digital, a fragmentação das notícias, o impacto das mídias digitais nas infâncias e a aceleração do tempo. Talita Figueiredo exemplificou essa aceleração. “Vemos que atualmente nem os relacionamentos são profundos o suficiente, logo se conhece e cinco minutos depois, muda-se para o próximo, aquele não serve mais. Vemos que quanto mais tempo na internet, menos as pessoas se aprofundam, em todas as áreas”, destacou.
O cyberbullying foi mais um exemplo citado pela pesquisadora, que apresentou um dado assustador, que revelou um aumento de 243% no número de casos no DF. “É preciso ensinar os jovens a usar a tecnologia, mostrando o que há por trás das mídias, que elas não são feitas para aprofundar algo e que eles se perdem na falta de conteúdo”, concluiu.
Priscila Seixas também seguiu por este caminho. Ela lembrou o mais recente sucesso da Netflix, a série Adolescência, que trata de um jovem de 13 anos que mata uma colega da mesma idade. “Essa é uma temática forte, assim como a série que nos mostra como devemos nos aproximar das nossas crianças, pois é importante conhecer a linguagem dos jovens, às tecnologias e saber interpretar os pontos, fazendo-as entender como ler as mídias, como ter pensamento crítico e o que a falta de discernimento pode trazer”, pontuou.
Foi neste contexto que ela apresentou o Criar Jogos. Desenvolvido na pandemia, o projeto visa, através do mundo digital e dos games, mostrar aos jovens como vencer o analfabetismo digital. “Utilizamos os jogos como uma oportunidade de construir histórias, de pensar criticamente o mundo, pois a cultura é uma grande aliada dos jovens nesse processo”, comentou Seixas.
Ricardo Pimenta, falou logo após e reforçou a temática da aceleração em relação ao lançamento de novos produtos e tecnologias. Segundo ele, o letramento midiático informacional também é crucial para entender o porquê da indústria oferecer tantos produtos, “um melhor que o outro”. “Vivemos uma cultura de consumo, de material, onde é preciso entender o que implica nessa velocidade e qual a importância dessa crítica. É necessário exercitar o nosso olhar crítico sob essa alienação”, reforçou.
Márcia Azen trouxe ao debate as culturas digitais na infância e adolescência. A pesquisadora mostrou dados alarmantes sobre a hiperconectividade das crianças brasileiras. Já Michelli Pereira da Costa, trouxe projetos sociais em que atua e falou da importância da comunidade, de se pensar os problemas da sociedade de forma coletiva, por outros olhares e vivências.
Para encerrar a mesa, os especialistas receberam Leandro Oliveira, que é Diretor de Planejamento e Monitoramento de Projetos Especiais na Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal, a Secec-DF. Ele trouxe ao debate a importância do fomento aos projetos culturais.
Serviço
Criar Jogos – polo Brasília
Inscrições e vagas para o curso online no site: www.criarjogos.com.br
Acompanhe o projeto pelo Instagram: @criar.jogos | @ibict